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domingo, 18 de abril de 2010

Braseirinho da Glória

Na semana fui ao Braseirinho da Glória, na rua Candido Mendes, que é um desses típicos botecos cariocas, o balcão é em U, você come num banco alto. Mesmo acompanhada, fica de frente para outras pessoas, isso é muito agradável. Ver como se come, que pratos, as diferentes velocidades que cada um tem, as manias, se está esfomeado, se são gordos e comem pacas, magros e comem um pratão, isso tudo conta favorável ao Braseirinho.
Outro dia, um grupo de japoneses ria muito com a quantidade de comida que veio em seu Churrasco completo. Em cima do balcão, pra beber, puseram uma garrafa de guaraná Confiança.
No Braseirinho, frequentam homens que trabalham por ali, operadores da Oi, pedreiros, artistas, garotos de programa do clube 117, que fica um pouco acima na mesma rua, a pequena burguesia descobriu o Braseirinho, que antigamente era bem bafão. O melhor é que a comida não mudou.
Há dois garçons nordestinos e Antonio, que faz as vezes de gerente, mas não esqueceu sua posição de peão da coisa. A comida é deliciosa, dá pra ver os cozinheiros e cumprimentá-los, se ligam que é você, capricham no pedido. Há a clássica refeição, galeto com arroz de brócolis, fritas ou maionese (batata, cenoura, maionese), feijão, molho a campanha, farofa, por 11 reais. Esse prato dá pra dois, se não estiver com tanta fome. E ainda tem coca-cola em garrafa de vidro.
“Quedê a colega?”, perguntam, “Tô sozinha”. Em cinco minutos vem o prato de sempre, para forrar uma lingüiça de entrada, coisa dos deuses. É um lugar de muitos homens, aprazível de compartilhar, fingem que só há eles ali, mas é um fingimento assim assim. São homens fortes, conversando sobre alguma baboseira de futebol, sacaneam uns aos outros em torno de temas de viadagem. Outro dia ganhei uma lingüiça quase dupla, ficaram rindo depois que arregalei os olhos diante do prato. “Foi premiada”, diz o garçon. No momento seguinte, passam dois bofes, cumprimentam o mesmo garçon, “Tá sumido! Tava viajando?”. O garçon se derrama todo, apóia os braços no balcão, se despedem, meio gozação meio verdade, são assim as criaturas masculinas nesse país-labirinto.

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