Um blog de poesia, arte e budismo engajado

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Diário Perdido

Ontem foi um dia D. O dia D da Univer$al. Todos os acessos da cidade, av. Brasil, Amarela, Linha Vermelha, o túnel Rebouças, Santa Bárbara, Jardim Botânico, tudo tudo completamente cheio de onibus fretados pela Igreja Universal para o evento. Fui para o Pedro, que é em Botafogo mas não havia outra forma de conseguir senão usando uma coisa fundadora de tudo: os pés. Muito parecido com o filme Ensaio sobre a cegueira. As pessoas perdidas andando desde a Lagoa até a praia onde ia acontecer o evento. Em bando com placas em letras garrafais escritas S.Bernardo do Campo 3, Austin 2, Del Castilho 193, Japeri, São Gonçalo,  Caxias 23, Santa Cruz, Araruama e outros nomes que nunca ouvi falar. Mari disse que poderíamos fazer um mapa da periferia só com aqueles nomes. Os fiéis carregando seus filhos, em alguns ônibus e na rua, vi pessoas lanchando. São pessoas bem pobres e talvez nunca tenham estado por ali. Vi também duas mulheres com um cara, descerem com uma  churrasqueira bem avantajada (!), na pilha de descolar um trocado. Pessoas com banquinhos ou cadeiras de praia, garrafas de água para o show. Do céu, o barulho de helicópteros. As plaquinhas com os nomes das localidades ficavam em hastes de madeira ou similar, bem no alto, pras pessoas poderem ler, em letras chamativas, tentando não se perder.  Um guarda municipal ordena que circulem com os bus vazios, "Não pode ficar parado aí não, segue até o Leblon, Jardim Botânico, vai seguindo". Fui tentar pegar um ônibus na São Clemente, uma velhinha me pergunta sobre ônibus para o Leblon, olhávamos a via tomada de fretados. A cidade numa procissão de pentecostais e eu, branca e umbudista (umbanda com budismo), pequena burguesa, tão nada, tão bolha nessa cidade. Na Conde de Irajá, perto da Cobal, fiés agora de copo num bar gritavam de modo violento e zombateiro para os evangélicos que passavam na calçada "Aleluia, Aleluia". Eu encontrei Mari depois do Pedro para irmos a praia, mas era impossível circular e escurecia. "Vamos ao cinema ver algo!". Naquela hora dava pra ver Méres et filles (Mães e filhas),  traduzido por Diário perdido, com Catherine Deneuve e duas outras mulheres lindas, mas a coroa mais linda do cinema rouba a cena fazendo uma mãe bem rígida que trata a filha de um modo europeu que pra gente é bastante esquisito. Tudo bem que as nesgas também acabam revelando a intensidade da coisa, o quanto uma sufoca a outra, os afetos como atritos. É um filme no estilo francês, de diálogos e discussões, também com baldios e silêncio, além do mar que alinhava a estória. E eu digo, porque sou anarquista: Deneuve para presidente! 
Na volta, para pegar o metrô, os fiés ainda se organizam nas vias, então exaustos. Outrem diz em voz alta: "Se ao invés do Bispo Macedo fizessem uma quebradeira geral, imagina, ia ter que mudar!".
Eu prefiro, netunianamente: Deneuve presidente!

Um comentário:

  1. Dwobraduras sobre desdwobramentos.

    seqwuencias instruidas pelo ver.

    um origami.

    Papagaio. Tigre. Papagaio. Peixe. Papagaio.

    Diferensssa e RepetiSao.

    Pensamento.

    produto final ErupSao. Vulcao.

    Rocha que Voa. Apreciar Chamwa. Nuvens.

    sperAR Pwoeira Baixar.


    EleiSoes Fusao. Nulo. Branco.

    Paisagem limpa. ConstruSao.


    vivenciar o new. sua retorica. seu voo.

    ator transmodficadoor.

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